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sábado, 27 de fevereiro de 2010

inacabada

Sinto vontade de dizer o que nunca foi dito

De escrever o que nunca foi escrito

Com palavras que não pareçam plágio

De poesias decoradas

Vestindo máscaras de originalidade

Quero cantar uma música que não foi ensaiada

Cuja letra é espontânea

E a melodia é improviso

Pra não lamentar o passado

E não prever o futuro

Pra não precisar sonhar

Principalmente os sonhos dos outros

Procurando um caminho

Por onde apenas eu possa andar

Que me leve aonde ninguém foi

E me ensine o que ninguém aprendeu

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Ecos da alma

Incerteza, o pior dos demônios. É impossível exorcizá-lo. Conviver com ela parece ser insuportável.
Penso como seria se ela não existisse. Talvez um pouco da poesia da vida fosse extinta. Porém, seria tão ruim assim? Viver em prosa e não em verso?
O fantasma assombra a cada nova interrogação. A percepção é falha e cabe aos corajosos arriscarem. Numa realidade distorcida, o que resta é tatear no escuro em busca do caminho que leva não sei aonde.
Inquieto, fico sem saber. A vida segue em ritmo alucinante, numa rotina que entorpece e, como as piores drogas, intoxica os pensamentos, adormecendo a razão.
A mercê do instinto, corro, sem rumo, penso em desistir, desejo liberdade. Um desconhecido cujo reflexo aparece no espelho quando, ao acaso, arrisco-me a olhar.
Não, não penso que a razão explique a existência. Apenas não tenho um modelo melhor. Tenho que aceitar a possibilidade de que talvez nunca venha ater.
A respiração é a única evidência da vida, desestimulante e contraditória que vivo.
Permanece ainda um sentimento bem humorado, um sorriso ao canto dos lábios, um vislumbre de uma pálida certeza: eu sobreviverei.

Nietzche

"Eis uma história lamentável: o homem busca um princípio no qual possa apoiar-se para desprezar o homem, - inventa um mundo para poder caluniar e poluir este mundo: realmente estende sempre sua mão em direção do nada, e desse nada constrói "Deus", a "verdade", e por todas as maneiras, juiz e condenador deste ser..."
(Friederich Nietzche - Vontade de Potência - Livro Segundo)

sábado, 6 de fevereiro de 2010

"Si un hombre nunca se contradice, será porque nunca dice nada"

(Miguel de Unamuno)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Vistas grossas

"Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui"
(Haiti - Caetano Veloso)

Qual seria o sentimento de um filho faminto ao ver seu pai esvaziar a despensa para dar de comer a alguém que, miserável, bate à porta?

Estima-se que no Brasil existam 59,6 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza e 24,7 milhões vivendo em extrema pobreza.

A população do Haiti é de 8,121 milhões de pessoas (dado de 2005).

O Brasil anunciou em 13/01/2010 que faria uma doação de US$15 milhões(segundo o Estado de São Paulo) ao Haiti, para ajudar as vítimas do terremoto.

E as nossas vítimas?

Porque alguém perder sua casa em outro país é tão mais comovente que um brasileiro que mora embaixo de um viaduto?

As lágrimas de uma criança são mais reais na televisão?

Se não for pauta no Jornal Nacional não aconteceu?

A miséria bate à nossa porta diariamente e não atendemos. Preferimos discutir os problemas do mundo. Lamentar a desgraça televisionada.

As rodas de "intelectuais" discutem o seu papel frente a intervenção política no próprio Haiti.

Nas universidades, as faixas de protesto não dizem nada sobre o tráfico de drogas que a cada dia recruta novas crianças para seu exército. Legalize já é a palavra de ordem em alguns círculos.

O vermelho dos olhos vem do verde da natureza. No entanto, é vermelho também o sangue das vítimas do tráfico.

Nossa pátria é mãe gentil, dos filhos de todos os solos, menos dos deste.

Não, o Haiti não é aqui.

Pra nossa vergonha.