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domingo, 17 de novembro de 2013

A queda

Talvez, e só talvez, chegará o dia em que desistirei.
Em que a inércia vencerá o ímpeto e os sonhos envelhecerão junto com a alma.
Haverá o momento onde o choro não encontrará consolo.
A angústia sobrepujará a vontade de viver.
Calado não encontrarei forças para lutar o bom combate.
As chagas do coração florescerão, somatizando cada fantasma obscuro e trazendo o abraço do esquecimento.
Naquele dia o tempo será o vencedor e, resignado, sairei de cena.
Até lá serei exclusivamente meu. Andarei errante por opção, descobrirei a altura, largura e profundidade por mim mesmo.
Chorarei o fracasso toda vez. Terei os surtos, compartilharei da condição humana, brindarei à aventura à novidade. Aceitarei os erros, alegrar-me-ei com o sucesso.
Elevarei a estatura do espirito. Serei parceiro da inconsequência, cúmplice da vontade.
A queda pode vir, mas nunca sem acrescentar sabedoria.
Um dia apos o outro, eu companheiro de mim, quero viver e ser vivido.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Rotina

Um dia qualquer, o mesmo sentimento. Engoliu o choro junto com o café, saiu.
Passos largos, porém inseguros. Ônibus lotado.
Paisagem urbana. Memórias assombrantes, murmurio interno. Desceu.
Hesitante, olhou ao redor, procurando o que sabia não estar lá.
Cinco minutos. Bom dia! Sorriso pré concebido.
Relógio preguiçoso. Diálogos sinceros mascaravam a solidão muda.
Meio-dia. Fome. Fila do restaurante.
Tarde automática. Até amanhã! Trânsito congestionado.
Abriu a porta, acendeu a luz. Músicas no rádio. Banho demorado.
Angústia, tristeza e ansiedade, inimigos antecedentes ao sono. Lágrimas relutantes. Um soluço. Respiração profunda. Suspiro.
Pensamentos se confundindo com sonhos. Vontade de mudar. Conformismo latente. Dormiu.
Outro dia, o mesmo sentimento. Sobrevida.

Agora

Não passará
O tempo entorpece, amansa
Fica suportável
Domestica

Adiante
Mais distante da realidade
Próximo à loucura
Inimigo próprio

Alma
Grito mudo
Espírito
Sussurro inquieto

Vício
Impulso
Tortura
Sorriso

Medo sorrateiro
Angústia arquetípica
Tristeza idiossincrática


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Insônia

Mãos trêmulas seguravam o isqueiro, acendeu o cigarro com um trago profundo. Madrugada, silêncio quebrado pela respiração torturante.
Faltava o sono, pensamento frenético, aperto no coração com gosto de incerteza. Conflito entre ser e querer.
O tic tac sinistro do relógio, sinais de angústia perene, apenas oculta pela rotina, disfarçada de indiferença. Pequena dor, crescendo qual um câncer, tomava conta de tudo. 
Escruciante dor na alma, silenciosa e carente. O medo era sólido, as verdades voláteis não venciam as dúvidas.
O passado envolvia e assolava. O presente incomodava. Futuro ausente.
Quem era, o que queria, em que acreditava. As lágrimas irrigavam a melancólica certeza da frustração, a pior de todas, a frustração do eu fraco, subjugado pelo medo, sufocado pela angústia de ser espectador e não agente.
Segundo cigarro. Soluço de espírito. Os porquês não se manifestavam. Interrogações.
Até quando? Outra noite de insônia. Tristeza intrínseca brindava à solidão crônica. O pessimismo flertava com a saudade injustificada numa dança das sombras.
Era o tudo, contrastando com o nada. Caia, levantava, era fraco, chorava, pra sorrir em seguida. Desistia, voltava a tentar, era humano, não era ninguém. 
Não era muito, não era pouco, era suficiente. Não era o que queria ser.
Não é você, sou eu.