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sábado, 15 de maio de 2010

Falando o que não devo!

Diz a sabedoria popular que política e religião não se discute...
Porém, como ninguém respeita o povo mesmo, preciso escrever um pouco sobre religião. Ou melhor, mais especificamente, sobre religiosos. Gostaria, na verdade, de fazer um podcasting, mas como estou na fase low-tech, vou de postagem no blog mesmo!
Estes tem sido tempos difíceis pra mim, sinto todo o peso da existência sobre meus ombros, muitas incertezas, coração apertado, caminhos que não parecem levar a lugar algum. Estou entendendo que nunca estarei 100% convicto de nada, que sempre virão novas perguntas e que nunca deixarei de ter uma alma inquieta. Tudo bem, aceito até o fato de que nossa vida seja mesmo uma peregrinação em busca de um lugar seguro para nossas almas descansarem. Nunca deixarei de acreditar em que possa existir algo mais do que nossos olhos e sentidos conseguem perceber, ou, como na frase de Antoine de Saint-Exupéry, o essencial é invisível aos olhos.
Além disto, acho pobres as almas daqueles que ficam gritando e esfregando na cara de todos o fato de serem ateus ou, com perdão do trocadilho, à-toa.
Por outro lado, o que me motiva a escrever não são os incrédulos, são os crentes. Cansei de ouvir baboseira a torto e a direito por aí. Realmente parece o final dos tempos, sempre tem um Pr. Fulano de Tal ou um Missionário Beltrano, aliás, títulos é que não faltam: apóstolo, bispo, profeta, homem -de -Deus, semi-deus, sumidade, blablablá. Ligo a TV, abro o jornal e pronto: evangelho e vc tudo a ver; igreja: sempre uma pertinho de vc!! E é este exatamente o problema, parece que o livre arbítrio e a liberdade de pensamento não existem mais. Muito parecido, embora em proporções totalmente diferentes, com a questão da homossexualidade, quer dizer a "moda de ser homo", como vi um cara dizendo que daqui a pouco vai ser homofobia ser hétero. O que quero dizer é que estamos caminhando pra um ponto no qual os preconceitos só inverterão o lado.
Hoje fui ler os posts num blog da série Supernatural e, pra variar, tinha um crente reclamando, dizia que a série é herética, que está totalmente contra a bíblia e muito mais. E o pior, o cara nem sabia escrever direito, mas um ou dois versículos ele tinha decorado. Fico extremamente incomodado com isso, ter o espaço invadido por alguém que se sente no direito de impor seu pensamento, ser incomodado na rua pra ser "convidado" a ir a uma reunião e mais ofensivamente ainda, alguém vem me abordar pra dizer que o cigarro que estou fumando é diabólico e coisa do tipo. Há algum tempo, uma senhora veio falar comigo e com uns amigos, em frente ao meu lugar de trabalho pra falar que precisamos de Deus e, para enfatizar, ela apontou para uma criança excepcional que atravessava a rua com a mãe e disse que aquilo era obra do Diabo e que nós éramos culpados por isso, pois estávamos fumando... O que dizer disso? No mínimo que falta inteligência e bom senso.
Enfim, todo mundo faz discurso, seja religioso, político ou ideológico, sempre tem alguém com algo pra falar, uma descoberta que é a última palavra a ser dita, sempre tem gente que encontrou o caminho das pedras, mas, quando realmente vamos respeitar as diferenças e conviver com o outro sabendo que junto é melhor que sozinho?
Não precisamos de religião, política, diplomas, ideologias, times de futebol ou de qualquer outra coisa para nos aproximarmos de alguém. Um simples gesto, um carinho um mostrar que se importa, pode bastar e, além disso, pode mudar a vida do irmão do lado. E pode ser muito mais significativo do que recitar um milhão de versículos decorados, porém não vividos, ou mesmo um discurso repetitivo que mais ofende do que convence.
Gosto muito da música "ants marching" da Dave Matthews Band e que tem um trecho que diz que assim como as formiguinhas, andando e balançando suas anteninhas, nós não temos tempo pra mais nada, nem pra trocar algumas palavras, apenas marchamos, sem nenhum pensamento além disso...
Infelizmente tem sido assim com nossa humanidade, tempos difíceis.
Moral da história, façamos algo por quem está do nosso lado e precisa de ajuda, mas, POR FAVOR, num me venha com baboseira religiosa e papinho bravo que se aprende na escola dominical!!!




quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Vistas grossas

"Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui"
(Haiti - Caetano Veloso)

Qual seria o sentimento de um filho faminto ao ver seu pai esvaziar a despensa para dar de comer a alguém que, miserável, bate à porta?

Estima-se que no Brasil existam 59,6 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza e 24,7 milhões vivendo em extrema pobreza.

A população do Haiti é de 8,121 milhões de pessoas (dado de 2005).

O Brasil anunciou em 13/01/2010 que faria uma doação de US$15 milhões(segundo o Estado de São Paulo) ao Haiti, para ajudar as vítimas do terremoto.

E as nossas vítimas?

Porque alguém perder sua casa em outro país é tão mais comovente que um brasileiro que mora embaixo de um viaduto?

As lágrimas de uma criança são mais reais na televisão?

Se não for pauta no Jornal Nacional não aconteceu?

A miséria bate à nossa porta diariamente e não atendemos. Preferimos discutir os problemas do mundo. Lamentar a desgraça televisionada.

As rodas de "intelectuais" discutem o seu papel frente a intervenção política no próprio Haiti.

Nas universidades, as faixas de protesto não dizem nada sobre o tráfico de drogas que a cada dia recruta novas crianças para seu exército. Legalize já é a palavra de ordem em alguns círculos.

O vermelho dos olhos vem do verde da natureza. No entanto, é vermelho também o sangue das vítimas do tráfico.

Nossa pátria é mãe gentil, dos filhos de todos os solos, menos dos deste.

Não, o Haiti não é aqui.

Pra nossa vergonha.