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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Insônia

Mãos trêmulas seguravam o isqueiro, acendeu o cigarro com um trago profundo. Madrugada, silêncio quebrado pela respiração torturante.
Faltava o sono, pensamento frenético, aperto no coração com gosto de incerteza. Conflito entre ser e querer.
O tic tac sinistro do relógio, sinais de angústia perene, apenas oculta pela rotina, disfarçada de indiferença. Pequena dor, crescendo qual um câncer, tomava conta de tudo. 
Escruciante dor na alma, silenciosa e carente. O medo era sólido, as verdades voláteis não venciam as dúvidas.
O passado envolvia e assolava. O presente incomodava. Futuro ausente.
Quem era, o que queria, em que acreditava. As lágrimas irrigavam a melancólica certeza da frustração, a pior de todas, a frustração do eu fraco, subjugado pelo medo, sufocado pela angústia de ser espectador e não agente.
Segundo cigarro. Soluço de espírito. Os porquês não se manifestavam. Interrogações.
Até quando? Outra noite de insônia. Tristeza intrínseca brindava à solidão crônica. O pessimismo flertava com a saudade injustificada numa dança das sombras.
Era o tudo, contrastando com o nada. Caia, levantava, era fraco, chorava, pra sorrir em seguida. Desistia, voltava a tentar, era humano, não era ninguém. 
Não era muito, não era pouco, era suficiente. Não era o que queria ser.
Não é você, sou eu.


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