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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Rotina

Um dia qualquer, o mesmo sentimento. Engoliu o choro junto com o café, saiu.
Passos largos, porém inseguros. Ônibus lotado.
Paisagem urbana. Memórias assombrantes, murmurio interno. Desceu.
Hesitante, olhou ao redor, procurando o que sabia não estar lá.
Cinco minutos. Bom dia! Sorriso pré concebido.
Relógio preguiçoso. Diálogos sinceros mascaravam a solidão muda.
Meio-dia. Fome. Fila do restaurante.
Tarde automática. Até amanhã! Trânsito congestionado.
Abriu a porta, acendeu a luz. Músicas no rádio. Banho demorado.
Angústia, tristeza e ansiedade, inimigos antecedentes ao sono. Lágrimas relutantes. Um soluço. Respiração profunda. Suspiro.
Pensamentos se confundindo com sonhos. Vontade de mudar. Conformismo latente. Dormiu.
Outro dia, o mesmo sentimento. Sobrevida.

Agora

Não passará
O tempo entorpece, amansa
Fica suportável
Domestica

Adiante
Mais distante da realidade
Próximo à loucura
Inimigo próprio

Alma
Grito mudo
Espírito
Sussurro inquieto

Vício
Impulso
Tortura
Sorriso

Medo sorrateiro
Angústia arquetípica
Tristeza idiossincrática


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Insônia

Mãos trêmulas seguravam o isqueiro, acendeu o cigarro com um trago profundo. Madrugada, silêncio quebrado pela respiração torturante.
Faltava o sono, pensamento frenético, aperto no coração com gosto de incerteza. Conflito entre ser e querer.
O tic tac sinistro do relógio, sinais de angústia perene, apenas oculta pela rotina, disfarçada de indiferença. Pequena dor, crescendo qual um câncer, tomava conta de tudo. 
Escruciante dor na alma, silenciosa e carente. O medo era sólido, as verdades voláteis não venciam as dúvidas.
O passado envolvia e assolava. O presente incomodava. Futuro ausente.
Quem era, o que queria, em que acreditava. As lágrimas irrigavam a melancólica certeza da frustração, a pior de todas, a frustração do eu fraco, subjugado pelo medo, sufocado pela angústia de ser espectador e não agente.
Segundo cigarro. Soluço de espírito. Os porquês não se manifestavam. Interrogações.
Até quando? Outra noite de insônia. Tristeza intrínseca brindava à solidão crônica. O pessimismo flertava com a saudade injustificada numa dança das sombras.
Era o tudo, contrastando com o nada. Caia, levantava, era fraco, chorava, pra sorrir em seguida. Desistia, voltava a tentar, era humano, não era ninguém. 
Não era muito, não era pouco, era suficiente. Não era o que queria ser.
Não é você, sou eu.


sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Só sei que é assim

O entendimento é uma porta aberta para a loucura...
Parece-me que quanto mais procuro entender a vida, mais louca ela se torna.
É assustador quão complicado é o gênero humano.
Fala-se tanto em amor, felicidade, realização e infinitas outras carências e, por outro lado, faz-se tão pouco para se alcançar qualquer uma delas.
A sanidade é tão frágil. Vejo as pessoas tornarem-se reféns dos próprios pensamentos, vejo atitudes viciadas e erros cíclicos. Por quê?
Acho tudo tão irracional...
Sinto como se estivesse andando num corredor infinito sem portas de saída e sem saber por onde entrei.
O pessimismo deixa de ser opção, impossível não perder a fé.
O que quero no final das contas?
Simplicidade, autenticidade, só isto. Não quero conversas difíceis, livros densos, filmes cults, amigos intelectuais forçados... Eu quero uma vida de verdade, um dia de cada vez, falar o que vier à mente sem preocupações, quero amar quem julgar ser merecedor e odiar quem for preciso...
Eu quero ser humano, imperfeito e falível... Por que ninguém deixa? Por que ninguém assume que também o é?

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Dedicado a Orlando Degasperi

Behind Blue Eyes

The Who

Composição: Pete Townshed

No one knows what it's like, to be the bad man
To be the sad man, behind blue eyes
No one knows what it's like, to be hated
To be fated, to telling only lies

But my dreams they aren't as empty
As my conscience seems to be
I have hours, only lonely
My love is vengeance, that's never free

No one knows what it's like, to feel these feelings
Like I do, and I blame you
No one bites back as hard, on their anger
None of my pain or woe, can show through

But my dreams, they aren't as empty
As my conscience seems to be
I have hours, only lonely
My love is vengeance, that's never free

When my fist clenches, crack it open
Before I use it and lose my cool
When I smile, tell me some bad news
Before I laugh and act like a fool

And if I swallow anything evil
Put your finger down my throat
And if I shiver, please give me your blanket
Keep me warm, let me wear your coat

No one knows what it's like, to be the bad man
To be the sad man, behind blue eyes

domingo, 14 de agosto de 2011

Olhos Azuis

23:44hs... Dia dos Pais...
Sempre me perguntam se não sinto falta por não ter tido um pai
Sempre fico irritado com essa pergunta
Hoje eu entendo que nunca senti falta porque simplesmente tive mais do que um pai, tive heróis
Minha mãe, meu avô... De quem mais precisaria?
Não posso ir dormir agora sem deixar minha homenagem a um deles...
Orlando Degasperi, meu herói, não tinha superpoderes, não sabia ler e escrever, não mudou o mundo, ganhava um salário mínimo por mês...
Nunca disse que me amava, nunca precisou... Ensinou-me que amar é muito mais que declarações vazias e promessas frágeis, amamos de fato e em verdade através das nossas atitudes...
Recebi muito mais de que precisava ou merecia em carinho, cuidado e atenção...
Eu queria agora poder escrever algo à altura, mas seria muita pretensão da minha parte...
Resta-me então agradecer por tudo...
Infelizmente o tempo nos impediu de conversar tudo o que devíamos... Nem sei se nos entenderíamos...
Obrigado por cuidar de mim sempre, eu cresci, tive oportunidades, aprendi muito e sei que se orgulhava, principalmente quando dizia que sou professor... Se me tornei alguém decente, foi porque você me inspirou com seu trabalho e dedicação... Quero dizer que sempre o entendi, mesmo quando eu podia ver em seus olhos a frustração por ser incompreendido... Eu sempre disse que somos parecidos, orgulho-me demais disto e quero ser digno de me tornar 10% do homem que você foi...
No fim, não havia muitas palavras, porém, seus olhos me diziam muita coisa... Vi neles um amor que não pode ser traduzido em palavras... Você conseguiu, mostrou que ser homem é mais do que ter carro do ano ou diploma na parede... É cuidar dos seus com o coração, mesmo que faltem as palavras...
Agora, descanse em paz, pois quero acreditar que ainda nos veremos e que poderei dizer tudo o que quero pessoalmente, meu herói...
Meu herói que não tinha superpoderes, mas que me salvou com um olhar...
Meu herói tinha olhos azuis
Até breve!
(Orlando Degasperi: 22/09/1923 - 17/07/2011)

terça-feira, 31 de maio de 2011

No momento

Humano, demasiado humano.
O maior peso sobre minha alma manifesta-se justamente quando tento compreender a condição humana.
Sou humano, mas não sei quem sou.
Sei apenas o que faço e de que gosto ou não, já dizia a velha canção da Legião Urbana.
Já li que a autoconsciência é o que nos difere dos demais animais. Por outro lado, arrisco-me a dizer que os outros humanos são quem melhor me mostram quem sou.
Ou seja, observo meus semelhantes e através deles tento entender a mim mesmo.
Nestes momentos, sinto que me aproximo mais da loucura. Pois falta referencial, quer dizer, falta um referencial que seja absoluto.
A minha realidade é volátil, e de modo cruel, muda mais rápido do que acho que possa assimilar.
Não entendo meus sentimentos, minhas atitudes, tão pouco consigo imaginar soluções para minhas inquietações.
Na verdade, penso que estou perdido em mim, com o ego sufocando e sem ter a quem pedir socorro.
Existem momentos nos quais tenho certeza no que não acredito, em outros percebo que preciso acreditar em algo para prosseguir com a caminhada. Tem dias que acho que o amor não existe, tem dias que descubro que sou capaz de amar uma pessoa diferente por semana.
Pensar a condição humana é para mim quase como que abrir a caixa de pandora, como confrontar os piores demônios sem saber exorcizá-los.
Psicologicamente o tempo não passa e meus dias se esvaem sem que eu perceba, porém, nada muda. Continuo inquieto, sem paz, pessimista axiomático.
Eu quero ser livre, todavia, não aprendi a arte do desapego.
E dói, dor muda, torturante, sem fim e sem profilaxia.
Tudo o que eu possa escrever não expressa a guerra interior que estou travando, na qual sou opressor e oprimido, vítima e criminoso...
Estou sofrendo de um mal terrível, estou sofrendo de humanidade...