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terça-feira, 31 de maio de 2011

No momento

Humano, demasiado humano.
O maior peso sobre minha alma manifesta-se justamente quando tento compreender a condição humana.
Sou humano, mas não sei quem sou.
Sei apenas o que faço e de que gosto ou não, já dizia a velha canção da Legião Urbana.
Já li que a autoconsciência é o que nos difere dos demais animais. Por outro lado, arrisco-me a dizer que os outros humanos são quem melhor me mostram quem sou.
Ou seja, observo meus semelhantes e através deles tento entender a mim mesmo.
Nestes momentos, sinto que me aproximo mais da loucura. Pois falta referencial, quer dizer, falta um referencial que seja absoluto.
A minha realidade é volátil, e de modo cruel, muda mais rápido do que acho que possa assimilar.
Não entendo meus sentimentos, minhas atitudes, tão pouco consigo imaginar soluções para minhas inquietações.
Na verdade, penso que estou perdido em mim, com o ego sufocando e sem ter a quem pedir socorro.
Existem momentos nos quais tenho certeza no que não acredito, em outros percebo que preciso acreditar em algo para prosseguir com a caminhada. Tem dias que acho que o amor não existe, tem dias que descubro que sou capaz de amar uma pessoa diferente por semana.
Pensar a condição humana é para mim quase como que abrir a caixa de pandora, como confrontar os piores demônios sem saber exorcizá-los.
Psicologicamente o tempo não passa e meus dias se esvaem sem que eu perceba, porém, nada muda. Continuo inquieto, sem paz, pessimista axiomático.
Eu quero ser livre, todavia, não aprendi a arte do desapego.
E dói, dor muda, torturante, sem fim e sem profilaxia.
Tudo o que eu possa escrever não expressa a guerra interior que estou travando, na qual sou opressor e oprimido, vítima e criminoso...
Estou sofrendo de um mal terrível, estou sofrendo de humanidade...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

O Peso do vazio

As maiores dores são mudas...
O silêncio da indiferença propõe um brinde ao vácuo da alma
Um gole na incerteza, um trago no esquecimento

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Uma luz

Andando por um caminho que ninguém mais entende
Onde tristeza e alegria são pontos de vista
E o tempo, vilão ou herói, torna-se figurante
Um sorriso espontâneo e sem explicação
Traz significado ao ininteligível
Não existem certezas, nem promessas
A realidade se confunde com as lembranças
E o passado, vívido, ofusca o presente
Nem mágoas ou frustrações
Ali onde, por acaso ou por saudade,
Nossos caminhos se cruzam
Ali existe uma luz, brilhando na frequência de um sentimento
Um sentimento de espera, e ele nunca vai embora...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Saudade de nós

Sinto saudade
Não por estar triste, porém,
Nem poderia estar feliz
Apenas vivo a ausência
Da melhor parte da minha alma
Que continha a felicidade e a realização
Resumidas em um sorriso e enfatizadas num olhar
Não são dores nem tormentos
É o tempo, implacável e imparável
Que apaga as memórias e silencia o choro
E a vida, desajeitada e mal humorada, insiste em seguir
Vivo a ausência de instantes eternos
Instantes sinceros, que vivi e sonho viver
Na descoberta de um amor imensurável
Com saudade da época em que não era eu
Não era você
Éramos nós
Almas entrelaçadas
Corações em ressonância
Não que esteja triste
Nem que esteja só
Apenas estou eu
E queria estar nós

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Imagem e Semelhança

Assombrado pelos próprios medos, não sou eu quem pensa, pensam por mim.
Disfarçam a realidade, transmutam os valores, vendem sonhos, contam mentiras até torná-las verdades absolutas.
Escravizado pela rotina, ações mecânicas, programado para reagir, entorpecido pelas drogas da modernidade.
Perdido, passageiro da própria vida, espectador das próprias ações, cão domesticado pelo sistema.
Porção diária de mediocridade, acompanhada de alienação progressiva. Vontade castrada, alma infértil, pensamento linear.
Quem sou eu? Eu sou eu, sou você, sou homem, sou filho de Deus ou bastardo do Sistema? Adotado pelo Diabo, amado pela indiferença, irmão do caos.
Imagem e semelhança da decadência, não ressuscitarei ao terceiro dia.
Vivo uma unica vez, morro infinitas.



segunda-feira, 12 de julho de 2010

O silêncio

Cigarro aceso, o gosto da nicotina tornava mais amargo o choro engasgado.
O peito doía somatizando a dor da alma. Pernas trêmulas, olhar vazio. Olhava pela janela, a morte seduzia, deixara de ser covardia para se tornar uma opção tentadora. O desespero torturava, tingindo de cinza tudo que estava ao alcance dos olhos. Em vão, tentava entender o que acontecia, precisava entender. Não conseguia aceitar, memórias se dissolviam diante da decepção e catalizavam as lágrimas. Choro, soluços, uma angústia muda, solitária, tinha por testemunhas os arranha-céus, não encontrava consolo.
Imaginava coisas, alucinava de terror. Andou pelo quarto, abriu gavetas, trocou de roupa. Ligou o aparelho de som, revirou os cds, mas já sabia a escolha. Era sua banda favorita, sua música favorita. Cantou a letra com todas suas forças, não tinha mais medos de que reclamassem por ser desafinado. Sua voz soava como um mantra, repetia o refrão quase como uma reza e murmurava "someday yet, he'll begin his life again..." Porém, não acreditava nisso, não mais, não naquela hora.
Já havia tomado sua decisão. Sentou-se no chão frio do quarto. Ouvia o solo, não tinha mais vergonha das lágrimas, nem temia ser visto.
Levantou-se, começou a balançar a cabeça freneticamente, numa dança de loucura e liberdade, finalmente permitia-se ser ele mesmo, sem máscaras, sem receios. Sentia-se auto-suficiente pela primeira e última vez. Sem que percebesse, meia hora se passou e continuava a dançar, mesmo após o final do cd, era sua coreografia, seu ritual sagrado de renúncia.
Esgotado, despencou ao chão, quase sem forças. Os pensamentos não paravam, a mente girava numa espiral sem fim.
Todos seus sonhos saltaram-lhe os olhos num mosaico de sentimentos e imagens. Recortes de planos futuros e nostalgias. Seu mundo colapsava num misto de rejeição e incompreensão. Não era mais parte da entorpecida realidade que o cercava, sequer sabia se de fato um dia foi.
Tudo o que queria era não estar só, ouvir que era importante, que tudo tivera um significado, por menor que fosse. Queria um abraço, um carinho, migalhas de compaixão.
Subiu na janela. Hesitou, precisava ser ouvido. Queria mais do que indiferença. Era o momento de se quebrar a maldição, de ouvir as palavras mágicas que trouxessem redenção, ou paz.
Contudo, não era conto de fadas, não havia final feliz. Abraçou o vazio, suspirou seu destino.
Ouviu o silêncio e não foi ouvido...

domingo, 4 de julho de 2010

O meu caminho

Tantos são os caminhos
Os que andei
Os que ainda quero andar
Nos quais encontrei respostas
Ou novas perguntas
Atalhos, desvios, becos-sem-saída
Jornadas maravilhosas
Que levaram a destinos medíocres
Viagens torturantes
Com finais de tirar o fôlego
Não encontrei a fórmula
Nem descobri o que quero
Tornei-me peregrino por opção
Entendi que nada é pra sempre
E que as certezas são pífias
Continuo meu caminho
Quero nele encontrar um coração
Na bagagem, memórias e sentimentos
Que não podem ser roubados
Levando a expectativa de ser surpreendido
Na próxima esquina
Seja com lágrimas ou com sorrisos
Não importa
Pois meu caminho é sem destino imaginado
E minha peregrinação não me deixa esquecer
De que sou humano, que vou errar, que vou acertar
E, independentemente do resto, de que vou aprender